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Setembro Amarelo: Jovens representam 39% dos casos de suicídio em MS

Exposição nas redes sociais, violência, tristeza, solidão, pressões psicológicas, bullying, falta de perspectiva profissional, situação econômica, ...

03/09/2024 às 16h28
Por: Redação Fonte: Assembleia Legislativa - MS
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Fatores diversos, como tristeza e solidão, tornam o suicídio um problema que se concentra entre os jovens
Fatores diversos, como tristeza e solidão, tornam o suicídio um problema que se concentra entre os jovens

Exposição nas redes sociais, violência, tristeza, solidão, pressões psicológicas, bullying, falta de perspectiva profissional, situação econômica, emprego precário. Esses e outros problemas, que acometem diversos jovens, podem ter como consequência o suicídio. Em Mato Grosso do Sul, 134 pessoas de 15 a 29 anos tiraram a própria vida no ano passado, o que equivale a 39% dos casos no período. O assunto, que precisa ser falado constantemente, adquire relevância maior neste mês, em que acontece a campanha Setembro Amarelo.

Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
Mara Caseiro é autora da lei que criou a campanha
(Foto: Luciana Nassar)

Realizada há quase dez anos, a campanha foi instituída pela Lei Estadual 4.777/2015 , de autoria da deputada Mara Caseiro (PSDB). “A campanha Setembro Amarelo, que ocorre anualmente, tem desempenhado um papel crucial na prevenção do suicídio, especialmente entre os mais jovens”, afirma a parlamentar. As ações preventivas e de sensibilização, que se intensificam neste mês, são fundamentais para o enfrentamento do problema, que ainda apresenta estatísticas alarmantes.

De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde (MS), 342 sul-mato-grossenses cometeram suicídio em 2023. Esse número considera as mortes decorrentes de lesões autoprovocadas voluntariamente (X60 a X84 da CID-BR-10). Os casos se concentram na faixa etária de 15 a 29 anos: 134 ou 39% do total. Ou seja, praticamente quatro de cada dez suicídios, registrados em Mato Grosso do Sul, são cometidos por jovens.

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Os dados do Ministério da Saúde também mostram que, em sua maioria, os jovens sul-mato-grossenses que tiram a própria vida são do sexo masculino. Eles representaram 78,3% (105) dos casos de 2023; e elas, 21,6% (29). O suicídio também é um problema relativo à raça. Em relação ao recorte étnico-racial, os negros (pretos e pardos) respondem por mais da metade dos registros: foram 70 os casos ou 52,23% do total.

E por que os casos de suicídios predominam entre os jovens?

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O psicólogo Walkes Jacques Vargas, presidente do Conselho Regional de Psicologia – 14ª Região (CRP-14/MS), afirma ser necessário considerar a complexidade do mundo atual e a multiplicidade de fatores, agravados pela pandemia da Covdi-19. “A atual geração de jovens recentemente passou pela emergência da pandemia de Covid-19 e hoje vivencia a falta de perspectiva no futuro”, disse.

Problemas diversos, como socioeconômicos, deixaram os jovens desesperançados, conforme analisa Vargas. “A juventude é uma das populações mais afetadas pelo crescimento das desigualdades sociais, sendo condicionada cotidianamente ao desemprego, ao subemprego, a virtualização da vida, ao trabalho plataformizado, a violência e risco de morte. Essa sensação de desesperança combinada com o preconceito e medo de falar sobre os sofrimentos ou mesmo o não acesso aos serviços de saúde podem agravar ainda mais a situação”, comentou.

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Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
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Walkes Vargas fala sobre fatores que podem resultar no suicídio de jovens 

De acordo com o presidente do CRP, também é preciso considerar a baixa oferta de serviços de saúde específicos para atendimento dos jovens e a falta de abertura da sociedade para acolher as manifestações de sofrimento. Outro problema, observado por Walkes Vargas, é o “não cumprimento da lei 13.935 que insere profissionais de Psicologia e Serviço Social nas escolas, que poderia contribuir muito para a prevenção e posvenção ao suicídio”.

Para prevenir a ocorrência de problemas que podem resultar em suicídio, é preciso não ignorar nem menosprezar o sofrimento dos jovens, segundo analisa Vargas. “Geralmente toda queixa de angústia e sofrimento vinda de adolescentes e jovens pode ser vista por amigos e familiares como uma forma de ‘chamar atenção’. Um princípio a ser adotado é sempre acolher qualquer manifestação de dor ou sofrimento sem preconceitos ou julgamentos”, orientou.

Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
Legenda

Para construir essa cultura do acolhimento, é preciso falar do problema, quebrar o silêncio. E essa é uma das importantes contribuições do Setembro Amarelo, conforme avaliação da deputada Mara Caseiro. “Um dos principais méritos da campanha é a quebra de tabus. Falar sobre suicídio ainda é um desafio em muitas sociedades, e o Setembro Amarelo cria um espaço seguro para que este tema seja abordado de forma aberta e informada”, comentou a parlamentar.

A deputada Mara Caseiro também ressaltou a necessidade de atenção especial aos jovens. “A campanha ganha especial relevância entre os jovens”, disse a deputada. “Essa faixa etária enfrenta desafios únicos, como pressões sociais, psicológicas, acadêmicas e a constante exposição nas redes sociais, fatores que podem aumentar a vulnerabilidade emocional”, completou a parlamentar.

Ela informou, ainda, que vai apresentar, durante este mês, projeto de lei que cria o “Alerta Amarelo”, programa de atenção à saúde mental com ações voltadas a adolescentes e jovens nas escolas.  

Outras leis

À lei que instituiu o Setembro Amarelo somam-se outras normativas estaduais, apresentadas e aprovadas pelos parlamentares da ALEMS. Entre elas, está a  Lei 5.448/2019 , de autoria do ex-deputado Marçal Filho. A lei determina a afixação de cartaz informando o telefone 188, do Centro de Valorização da Vida, nos espaços públicos, em local de fácil visualização. A mensagem no cartaz, de acordo com a lei, deve ser: “CVV. Como vai você? Ligações de prevenção do suicídio feitas para o CVV pelo número 188.”

Outra normativa que ajuda no enfrentamento do problema é a  Lei 5.483/2019 , de autoria do deputado Antonio Vaz (Republicanos), que instituiu a “Semana de Prevenção e Combate à Violência Autoprovocada: Automutilação e o Suicídio”. Essa campanha é realizada anualmente, com início no segundo domingo de setembro.

Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
Foto: Reprodução/Assembleia Legislativa - MS
Página do livro "Para onde vai o buraco quando o tatu fica feliz?"

A legislação estadual de prevenção ao suicídio inclui, ainda, a  Lei 5.598/2020 , do deputado Lidio Lopes (Patriota). A lei obriga  os estabelecimentos de ensino e de saúde, públicos e privados, a notificarem às autoridades públicas competentes a prática de violência autoprovocada, automutilação e tentativa de suicídio de que tomarem conhecimento.

Livro digital

Depressão em crianças e adolescentes, um dos problemas relacionados ao suicídio é tema do livro “Para onde vai o buraco quando o tatu fica feliz?”, publicação da Comunicação Institucional da ALEMS.

Em uma linguagem voltada ao público infantojuvenil, o livro usa o buraco como metáfora das ausências, do isolamento, da depressão. O material faz parte da coleção “Cidadania é o bicho”, que trata sobre variados temas, usando como personagens animais do Pantanal.

Para acessar o livro “Para onde vai o buraco quando o tatu fica feliz?”, clique aqui . Para ter acesso a todos os livros da coleção, clique aqui

Serviço:

Veja alguns locais e entidades que podem ajudar na prevenção ao suicídio:

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) - veja a  relação das unidades

Centro de Valorização da Vida  (CVV) - atendimento gratuito pelo telefone 188.

Grupo Amor Vida (GAV)  - oferece apoio emocional de forma gratuita.

As universidades também oferecem atendimento psicológico gratuito:

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) .

Psicologia Unigran Capital .

Clínica-Escola da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) .

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