A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em março deste ano, um novo imunizante que tem o objetivo de auxiliar no combate ao vírus da dengue, propagado pelo mosquito Aedes aegypti. A vacina Qdenga ainda não está sendo ofertada pelo SUS e nem foi incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) pelo Ministério da Saúde. Porém, o medicamento pode ser encontrado em laboratórios e clínicas particulares, chegando a custar, em média, R$520 por dose, em Três Lagoas. Por ser um imunizante que necessita de duas aplicações para completar o esquema vacinal, o valor completo a ser desembolsado pode chegar a R$1.140,00.
Segundo a enfermeira Ananda Gonçalves, que trabalha em uma clínica particular, o imunizante está com um custo alto no mercado. “Quando a gente faz a compra da vacina, ela vem com um custo já elevado. Então, precisamos repassar para o cliente, também. Mas, como são duas doses, tentamos fazer um preço que caiba um pouco mais no bolso e que não fique tão pesado”, disse.
A Qdenga é fabricada pelo laboratório japonês Takeda Pharma e é considerada uma inovação no sistema de saúde. A aplicação é realizada na via subcutânea, sendo necessárias duas doses em pessoas de 4 a 60 anos de idade, mesmo que não tenham contraído a doença. A segunda dose deve ser tomada após um período de três meses. A eficácia, segundo estudos realizados pela Anvisa, é de 80% na prevenção contra o vírus e de 90% para evitar hospitalizações. Quem contraiu dengue ou Covid-19 em um período de seis meses a 30 dias anteriores a primeira aplicação, deve ficar em observação. Segundo a profissional da Saúde, o imunizante não apresenta nenhum efeito adverso.
“É uma vacina bem tranquila, ela não apresenta reação”, destacou.
Apesar da vacina Qdenga ter sido aprovada em março, a sua comercialização em território brasileiro só foi iniciada no mês de junho. Desde então, conforme relatou a enfermeira, apesar da alta procura no início do ano, agora está em baixa. “Teve muita procura para saber mais informações sobre a vacina, depois quando foi disponibilizada a comercialização, foi um pouquinho mais baixa a aplicação”, disse.
A falta de informação e o fato de a vacina ainda não estar disponibilizada pelo SUS faz com que o imunizante fique inacessível para parte da população. Para o mecânico florestal, José Brás Silva, o valor atual está inviável. “É complicado porque, em casa, nós estamos em quatro pessoas. Eu, minha esposa e meus filhos. Aí, já apertaria bastante. Só eu tomar não adianta”, relatou. A auxiliar de serviços gerais Cristiane dos Prazeres destaca que o custo atual do imunizante a impede de se vacinar. “Tem que ser oferecido pelo SUS. É muito caro, o salário mínimo está quanto? Pelo SUS eu tomaria. Pagar R$_800, R$_900, nos dias de hoje, em uma vacina contra a dengue, de jeito nenhum, um absurdo”, disse.
De acordo com a assessoria da Secretaria Municipal de Saúde, o imunizante ainda não tem previsão de ser disponibilizado pelo SUS ou de ser incorporado ao PNI. Também não há previsão de qual público será contemplado em um primeiro momento de uma possível campanha.
CASOS DE DENGUE
De janeiro a setembro de 2023, o município de Três Lagoas já registrou 4.582 casos confirmados de dengue e seis mortes, conforme dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES-MS), divulgado na terça-feira (6). Em total de números de casos por município, a cidade ocupa o segundo lugar no ranking, ficando atrás apenas de Campo Grande. Já em número de óbitos, a região é onde mais pessoas morreram pela doença neste ano a nível estadual.
No mês de julho, o município saiu da “lista vermelha” de alta incidência de registros confirmados da doença. Atualmente, Três Lagoas registra uma taxa de 3,499 casos pelo número total de habitantes (132.152 mil).
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