Hoje é Dia da Igualdade Salarial. Mas, afinal, temos o que comemorar? As mulheres trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, combinando trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Mesmo assim, e ainda contando com um nível educacional mais alto, elas ganham, em média, 78% do rendimento dos homens, segundo estudo de Estatísticas de Gênero, divulgado pelo IBGE.
Mais horas de trabalho, menor remuneração
Vários fatores contribuem para as diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Por exemplo, em 2016, as mulheres dedicavam, em média, 18 horas semanais a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, 73% a mais do que os homens (10,5 horas).
Essa diferença chegava a 80% no Nordeste (19 contra 10,5). Isso explica, em parte, a proporção de mulheres ocupadas em trabalhos por tempo parcial, de até 30 horas semanais, sendo o dobro da de homens (28,2% das mulheres ocupadas, contra 14,1% dos homens).
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2012-2016. (Fonte: IBGE).
Mesmo trabalhando mais horas, a mulher segue ganhando menos. Apesar da diferença entre os rendimentos de homens e mulheres ter diminuído nos últimos anos, em 2016 elas ainda recebiam o equivalente a 76,5% dos rendimentos dos homens, hoje esse número é ainda maior, 78%.
Uma combinação de fatores pode explicar essa diferença. Por exemplo, apenas 39,1% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres; essa diferença aumentava com a faixa etária, indo de 43,1% de mulheres em cargos de chefia no grupo até 29 anos de idade até 31,8% no grupo de 60 anos ou mais.
Outros aspectos, como a segregação ocupacional e a discriminação salarial das mulheres no mercado de trabalho, podem contribuir para a diferença de rendimentos. Na categoria de ocupação com nível superior completo ou maior, a diferença era ainda mais evidente: as mulheres recebiam 63,4% do rendimento dos homens em 2016.
Mulheres têm maior escolarização
Em 2016, as mulheres de 15 a 17 anos de idade tinham frequência escolar líquida (proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino adequado a sua faixa etária) de 73,5% para o ensino médio, contra 63,2% dos homens. Isso significa que 36,8% dos homens estavam em situação de atraso escolar.
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2012-2016. (Fonte: IBGE).
Na desagregação por cor ou raça, 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentaram atraso escolar em relação ao ensino médio, face a 19,9% das mulheres brancas. Comparando gênero e cor ou raça, o atraso escolar das mulheres brancas estava mais distante do registrado entre os homens pretos ou pardos (42,7%).
Essa trajetória escolar desigual, relacionada a papéis de gênero e à entrada precoce dos homens no mercado de trabalho, faz com que as mulheres tenham um maior nível de instrução. Na faixa dos 25 a 44 anos de idade, 21,5% das mulheres tinham completado a graduação, contra 15,6% dos homens.
Desagregando a população de 25 anos ou mais de idade com ensino superior completo por cor ou raça, as mulheres brancas estão à frente, com 23,5%, seguidas pelos homens brancos, com 20,7%; bem abaixo estão as mulheres pretas ou pardas, com 10,4% e, por fim, os homens pretos ou pardos, com 7,0%
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Plano Nacional de Igualdade Salarial
O Governo Federal lançou, na última terça-feira (12), o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), instituído para criar o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens.
O novo plano não irá abordar apenas o salário e outros tipos de remuneração, mas temas como condições e ambiente de trabalho; oportunidades de crescimento profissional e aspectos étnico-raciais.
O objetivo do governo é propor metas e ações para promover a autonomia econômica das mulheres e a redução da pobreza. O grupo será coordenado pelo Ministério das Mulheres, com a participação de outros sete ministérios.
O grupo terá duração de 180 dias, com a possibilidade de ser prorrogado por mais 180. Após a conclusão, o colegiado terá mais 30 dias para enviar a proposta à ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
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