
A Polícia Federal (PF) foi previamente comunicada sobre o planejamento da Operação Contenção pelas forças de segurança do Rio de Janeiro, contudo, considerou a ação “não era razoável” para a participação da instituição. Essa declaração foi feita pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, após um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, realizado nesta quarta-feira (29), em Brasília.
Conforme explicado por Rodrigues, a superintendência regional da PF havia sido contatada para oferecer suporte na execução dos mandados. No entanto, a participação foi recusada devido à “falta de atribuição legal”, uma vez que a Polícia Federal se dedica à investigação, e não a operações ostensivas. A respeito do início da operação policial, ocorrida nesta terça-feira (28), a PF informou que não recebeu comunicação.
Em entrevista concedida à imprensa no Palácio da Alvorada, local da reunião, Rodrigues afirmou: “A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse”.
O governo do Rio de Janeiro declarou que a operação foi iniciada após um período de investigação superior a um ano e um planejamento de 60 dias. A ação resultou no cumprimento de centenas de mandados de prisão e de busca e apreensão, os quais foram emitidos pela Justiça com base em inquéritos conduzidos pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
Rodrigues acrescentou que “Houve um contato no nível operacional informando que haveria uma grande operação e se a Polícia Federal teria alguma possibilidade de atuação na sua área, no seu papel [...]. Não tivemos detalhes mais do planejamento, a partir da análise geral, entendemos que não era o modo que a Polícia Federal atua, o modo de fazer operações”.
A Operação Contenção, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, localizados na capital fluminense, resultou em mais de 130 mortes. A contagem final dos corpos, muitos dos quais foram resgatados de áreas de mata pelos próprios residentes dessas comunidades, ainda não foi concluída.
Essa ação das forças de segurança estaduais foi considerada a operação mais letal já registrada na história, visando combater o grupo criminoso Comando Vermelho. Em resposta, os criminosos bloquearam 35 ruas em várias áreas da cidade, utilizando veículos, latões de lixo, barricadas e amontoados de materiais em chamas, o que provocou um cenário de caos urbano.
Andrei Rodrigues declarou que a Polícia Federal prossegue com suas atividades no Rio de Janeiro, focando em investigações de polícia judiciária. Este trabalho está em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, também conhecida como ADPF das Favelas. Em abril deste ano, o STF instituiu medidas destinadas a reduzir a letalidade policial em operações da Polícia Militar contra o crime organizado nas favelas cariocas.
Ele informou: “Já estruturamos um grupo de trabalho que está atuando lá nessa questão de atividade de inteligência, instauração de inquérito policial e a determinação também, da própria decisão do Supremo, para que COAF e Receita Federal atuem coordenadamente conosco, trazendo mais elementos para a Polícia Federal atuar”.
O diretor-geral da PF concluiu: “Nós sempre fazemos na área de polícia judiciária, com inteligência, com estratégia, descapitalizando o crime, enfrentando aquilo que o crime organizado tem de mais é relevante que é o poder econômico e prendendo lideranças. É assim que a Polícia Federal atua e é assim que nós já estamos atuando no Rio de Janeiro”.
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