Quinta, 30 de Outubro de 2025

Déficit do Governo Central surpreende mercado financeiro

Expectativa era um déficit de 6 bilhões, mas alcançou 14,5 bilhões.

30/10/2025 às 18:36
Por: Redação

No mês de setembro de 2025, o aumento das despesas superou as receitas, levando o Governo Central – composto por Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social – a um déficit primário de 14,5 bilhões de reais. Em comparação, setembro de 2024 teve déficit de 5,2 bilhões de reais. Segundo informou o Tesouro Nacional em seu relatório divulgado nesta quinta-feira (30), este aumento foi de 166,6%, já ajustado pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

De acordo com o Tesouro, "Comparado a setembro de 2024, o resultado primário observado decorreu da combinação de um aumento real de 0,6% (1,1 bilhão de reais) da receita líquida [após transferências a estados e municípios] e de um crescimento de 5,7% (10,2 bilhões de reais) das despesas totais".

O resultado em setembro foi pior que o esperado pelas instituições financeiras. A pesquisa Prisma Fiscal, divulgada mensalmente pelo Ministério da Fazenda, indicava uma expectativa de déficit de 6 bilhões de reais pelos analistas de mercado.

Até agora, em 2025, o Governo Central acumulou um déficit primário de 100,4 bilhões de reais, valor 9,1% menor do que no mesmo período do ano passado, que registrou 103,6 bilhões de reais, já considerando a inflação. Este resultado incluiu um superávit de 185,9 bilhões de reais do Tesouro Nacional e Banco Central e um déficit de 286,3 bilhões de reais na Previdência Social.

O resultado primário é calculado pela diferença entre receitas e despesas, sem incluir o pagamento de juros da dívida pública. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o novo arcabouço fiscal de 2025 estabelecem a meta de déficit primário zero, com permissão de variação de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para mais ou para menos. No limite inferior, a meta permite déficit até 31 bilhões de reais.

Receitas e despesas

Em setembro, as receitas líquidas apresentaram um crescimento nominal de 5,8%. Após descontar a inflação pelo IPCA, o aumento foi de 0,6%. Este crescimento foi consequência principalmente do aumento real de 11,9% (6,2 bilhões de reais) na arrecadação líquida para a Previdência Social. Conforme o Tesouro, este resultado foi influenciado "pela dinâmica positiva do mercado de trabalho" e pelo aumento nos recolhimentos do Simples Nacional previdenciário.

As despesas, no mesmo período, cresceram 11,2% em termos nominais e 5,7% ajustando pela inflação. O aumento se concentrou nas despesas discricionárias – que não são obrigatórias como investimentos e políticas públicas não essenciais – com crescimento de 100,9% (10,6 bilhões de reais). Os principais responsáveis por este aumento foram os pagamentos em ações de saúde (4,1 bilhões de reais) e outras despesas (2,9 bilhões de reais).

O Tesouro também destacou que comparações entre anos foram afetadas pela antecipação, em setembro de 2024, do pagamento de 4,5 bilhões de reais (a preços de setembro de 2025) de precatórios federais para o estado do Rio Grande do Sul devido à calamidade pública. Os precatórios são dívidas do governo a serem quitadas após decisões judiciais definitivas.

"Essa antecipação impactou principalmente as rubricas de Benefícios Previdenciários, Pessoal e Encargos Sociais e Sentenças Judiciais e Precatórios, acarretando redução nas despesas referentes às duas primeiras na comparação entre setembro de 2024 e setembro de 2025", relatou o Tesouro.

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