Quinta, 30 de Outubro de 2025

Wagner Moura brilha em produção reconhecida internacionalmente

Ator recebe indicações por papel no premiado O Agente Secreto.

29/10/2025 às 00:59
Por: Redação

Na última terça-feira (29), o filme brasileiro O Agente Secreto foi agraciado com indicações ao Gotham Film Awards, que reconhecem o cinema independente. Sob a direção de Kleber Mendonça Filho, o longa-metragem foi indicado nas categorias de roteiro original e melhor atuação para Wagner Moura.

Essas nomeações se somam a uma série de prêmios que o filme, com estreia programada no Brasil para o dia 6 de novembro, já conquistou internacionalmente. Em maio, destacou-se ao ganhar os prêmios de melhor direção e melhor ator no renomado Festival de Cannes.

A expectativa é de que o longa, escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para representar o país no Oscar do próximo ano, tenha um desempenho semelhante ao de Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, que recebeu o prêmio de melhor filme internacional neste ano.

No entanto, como admitiu Wagner Moura em coletiva de imprensa em São Paulo no dia 28, ainda há um longo caminho a percorrer.

“A gente está fazendo tudo direito, mas eu acho que a gente tem que ter calma e respirar. Mas quando começa a ter essas indicações de outras premiações como o Gotham, aí eu começo a dizer que a gente tem um caminho que está parecendo mais real do que há duas semanas”, disse.

O principal objetivo de Kleber Mendonça é atrair o público brasileiro para os cinemas, especialmente os jovens.

"Quero que o filme seja visto por um público grande no Brasil, mas eu tenho um desejo muito especial de que esse filme seja descoberto por gente muito jovem - como estudantes, meninos e meninas - que vão ao cinema e veem um filme brasileiro que conta a história brasileira. Talvez esses jovens possam descobrir alguma coisa nova, algum ponto de vista interessante sobre o nosso país”, ressaltou o diretor.

O filme, também assinado por Kleber Mendonça Filho no roteiro, narra a história de Marcelo, interpretado por Moura, que retorna a Recife em busca de seu filho enquanto tenta deixar para trás um passado obscuro. O enredo se passa completamente nos anos 70, durante a ditadura militar.

Esse período histórico do Brasil é algo que o diretor espera que a juventude tenha a oportunidade de compreender melhor.

“Eu saí de uma sessão do filme Ainda Estou Aqui, no Recife, e na minha frente saíram duas meninas muito jovens que falaram uma para outra que não sabiam que o regime militar tinha sido tão ruim daquele jeito. Então, eu acho que são pequenas informações, pequenos sentimentos, que um filme, principalmente um filme brasileiro, pode trazer sobre o nosso país”, afirmou.

Memória

O Agente Secreto inicia-se com um percurso ao passado, explorando memórias e entendimentos. Não só revela o retorno de Marcelo à sua família e casa, mas também reconstitui um trecho histórico do país que, de acordo com o diretor, tenta-se frequentemente apagar, mas que continua provocando traumas e violências.

“O Brasil é um país que tem algumas questões com memória, é um país que tende a esquecer de muita coisa. Eu acho que o cinema é um instrumento muito bom, porque ele é um bom filme, prende a sua atenção, te diverte e te mantém entretido, mas ele também pode ter uma carga de informação de verdade sobre o lugar onde a gente mora”.

Para Wagner Moura, a busca por memórias é uma característica do cinema nacional em geral.

“A memória é importante, porque se a gente não tivesse, por exemplo, a Lei da Anistia, que foi uma lei que apagou a memória do Brasil, a gente não teria tido o presidente que a gente teve, esse que foi condenado [Jair Bolsonaro]. A memória é uma coisa importante e não só para a cultura e o cinema, mas o jornalismo, a universidade, a sociedade como um todo, têm a função de preservar a nossa memória para que cresçamos como país”, completou o ator.

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