
A recente operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, ocorrida na terça-feira (28), revelou resultados controversos ao tentar combater o crime organizado. De acordo com a advogada criminalista Lorena Pontes, tais medidas isoladas não são eficazes para desmantelar estruturas criminosas profundamente enraizadas e complexas.
"O crime organizado é multifacetado e estruturado, envolvendo redes econômicas e sociais complexas. Operações policiais isoladas não conseguem atacar suas raízes, que demandam políticas públicas integradas, prevenção social e articulação entre as esferas federal, estadual e municipal”, afirma Pontes.
A operação resultou em 121 mortes, sendo 117 civis e 4 policiais, além de 113 prisões e 118 armas apreendidas, incluindo 91 fuzis, tornando-se a ação policial mais letal do país.
Lorena Pontes destaca que o "Estado não pode medir sucesso pela letalidade”, alertando para os riscos de abusos e violações dos direitos humanos que tais operações podem ocasionar.
“Há uma autonomia histórica das polícias do Rio de Janeiro, o que pode trazer eficiência em ações rápidas, mas também riscos de descoordenação com políticas públicas e fiscalização limitada”, acrescenta.
Menos de 24 horas após a operação, o Centro de Operações da Prefeitura indicava uma volta à “normalidade”, com a reabertura de 35 vias anteriormente bloqueadas e a normalização do tráfego.
O advogado Bruno Medeiros Durão enfatiza que essas operações geram impactos além dos bloqueios de trânsito.
“O fechamento de vias, a suspensão de serviços e o impacto na logística geram perdas fiscais e tributárias imensas para o estado e o município.”
Especialista em Direito Tributário, Durão ressalta que as megaoperações afetam o ecossistema social da cidade, prejudicando negócios, emprego e geração de renda.
“A instabilidade crônica afasta investimentos e onera o contribuinte com custos emergenciais de segurança. Do ponto de vista tributário, a paz social é um pré-requisito para o desenvolvimento econômico, e o Rio de Janeiro está constantemente falhando nisso”, conclui.
Um estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em conjunto com o Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), revela que o Rio de Janeiro perde até 11,5 bilhões de reais anualmente devido a crimes violentos, representando cerca de 0,9% do PIB estadual.
*Estagiária sob supervisão do jornalista Gilberto Costa
Carregando dados econômicos...