
Mais de 80 países, representados por seus ministros, declararam apoiar o plano proposto pelo Brasil para abandonar os combustíveis fósseis. O anúncio, realizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, ocorreu durante o evento "Mutirão Call for a Fossil Fuel Roadmap" nesta terça-feira, 18 de novembro, reunindo nações do Norte e Sul Global.
O bloco internacional formado apoia um "mapa do caminho" — um plano de ação com etapas e metas claras para alcançar o objetivo de eliminar o uso de petróleo, gás e carvão mineral. A proposta foi impulsionada na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), iniciada pelo presidente Lula, que convocou todos os países a se comprometerem com um calendário global de transição energética.
Ainda sem revelar todos os integrantes do grupo, a confirmação de apoio veio de delegados de países como Alemanha, Dinamarca, Reino Unido, Quênia, Serra Leoa e Ilhas Marshall. "Esta é uma mobilização sem precedentes", afirmou Ed Miliband, secretário de Estado do Reino Unido, ao destacar a importante coalizão formada por nações do Sul e Norte Global unidas por um objetivo comum.
"Temos uma oportunidade nos próximos dias para transformar a COP30 em um marco na transição para longe dos combustíveis fósseis", reforçou Miliband.
Para as nações mais vulneráveis, como Serra Leoa, o aumento de 1,5°C na temperatura global é uma questão de sobrevivência. "Não é apenas um problema climático, mas também existem implicações econômicas", alertou Jiwoh Abdulai, ministro de Serra Leoa.
A Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, expressou satisfação com o apoio, enfatizando a urgência de implementar promessas feitas há décadas para combater as emissões de CO₂.
"São necessários financiamento e diversificação econômica para superar esse desafio", declarou Marina, ressaltando a pressa devido a décadas de atraso.
Enquanto o avanço diplomático era celebrado, grupos sociais e territoriais criticaram que a construção do mapa global ignora as comunidades afetadas diretamente pela infraestrutura fóssil. O Instituto Internacional Arayara destacou a ausência de lideranças comunitárias, reforçando que a iniciativa, sem incluir pareceres locais, torna-se incompleta.
Novas gerações se destacam no processo. Marcelle Oliveira, jovem campeã do clima da COP30, enfatizou a importância da ação e mudança cultural para a proteção do futuro. Já Marcio Astrini, do Observatório do Clima, pontuou que a proposta do Brasil consolidou um forte apoio internacional.
O relato de Astrini ilustra que muitos que ouviram o discurso de Lula aderiram ao palco com a mesma visão. Todavia, organizações alertam que incluir comunidades nos planos é essencial para alcançar justiça climática e concretizar os objetivos propostos.