
Em abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu uma série de medidas para reduzir a violência policial em operações da Polícia Militar nas favelas do Rio de Janeiro.
Essas decisões foram tomadas durante o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635, conhecida como ADPF das Favelas. A ação foi movida em 2019 pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB).
A partir do término do julgamento, a Defensoria Pública da União (DPU) e o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), entre outros, ficaram responsáveis por monitorar o cumprimento das medidas definidas.
Na terça-feira, dia 28, a pauta da ADPF das Favelas voltou à discussão com o início da Operação Contenção, que resultou em mais de 120 mortes nos complexos da Penha e do Alemão. O objetivo era conter o avanço da facção Comando Vermelho na cidade. O governador Cláudio Castro criticou novamente a decisão do STF, chamando a ADPF de “maldita”.
Após a operação, a Defensoria Pública da União e do Rio de Janeiro, o Conselho Nacional do Ministério Público, e o STF iniciaram a investigação sobre se as diretrizes da ADPF foram respeitadas.
O ministro Alexandre de Moraes, relator temporário da ADPF, solicitou que Cláudio Castro forneça explicações sobre a operação. Moraes também marcou uma audiência para a próxima segunda-feira, 3, no Rio de Janeiro, para discutir o assunto.
O tribunal determinou que o governo do Rio deve cumprir várias regras durante as operações policiais, como a utilização proporcional da força, instalação de câmeras nas viaturas, criação de um plano para reocupar os territórios invadidos por organizações criminosas, além de incluir a Polícia Federal nas investigações contra milícias e tráfico de drogas.
A Operação Contenção realizada pelas forças policiais do Rio resultou em cerca de 120 vítimas fatais, incluindo quatro policiais, conforme o último relatório. O governo classificou a operação como “um sucesso”, alegando que os suspeitos mortos ofereceram resistência, enquanto os que se entregaram foram presos. Foram realizadas 113 prisões e apreendidas 118 armas e uma tonelada de drogas. A meta era impedir o avanço da facção Comando Vermelho e cumprir mandados judiciais de busca e prisão, incluindo 30 emitidos pela Justiça do Pará.
Com um contingente de 2,5 mil policiais, a operação foi a maior e mais letal no estado em 15 anos. Enfrentamentos e retaliações por parte de criminosos causaram pânico, com tiroteios intensos e interrupções nas vias principais, escolas, comércios e postos de saúde. Moradores e organizações classificaram a operação como uma "chacina", mencionando que cadáveres foram encontrados com sinais de execução.
Carregando dados econômicos...