
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou por unanimidade, nesta terça-feira (18), nove réus do Núcleo 3, ligados a um esquema golpista durante o governo de Jair Bolsonaro. O julgamento também resultou na absolvição do general Estevam Theophilo, devido à falta de evidências.
Os juízes decidiram em um placar de 4 a 0 pela condenação de oito militares do Exército e um policial federal. Conhecidos como "kids pretos", os militares estavam associados ao grupamento de forças especiais. A acusação foi conduzida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou um plano para sequestrar e assassinar autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os condenados enfrentam acusações de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, violência qualificada e deterioração de patrimônio público. Entretanto, os réus Márcio Nunes de Resende Júnior e Ronald Ferreira de Araújo Júnior tiveram suas ações reclassificadas, reduzindo suas penas aos crimes de incitação e associação criminosa.
"Parte dos réus efetivou poder de liderança, com foco em ações de campo, destinadas a monitorar e neutralizar autoridades públicas", expressou um dos ministros.
A leitura das penas, conhecida como dosimetria, ainda prossegue. O STF assinalou que este é o primeiro julgamento sobre tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Pela manhã, o ministro relator Alexandre de Moraes iniciou a votação que sustentou as condenações. Na parte da tarde, Cristiano Zanin, também ministro, acompanhou a decisão, mencionando que os acusados buscavam envolver militares de alta patente em crimes contra a democracia. A ministra Cármen Lúcia enfatizou a tentativa de subornar as Forças Armadas, com base em mensagens WhatsApp usadas como evidências.
"A influência vem de quem tem influência e não de quem tem cargo", destacou a ministra.
Encerrando os votos, Flávio Dino salientou que, historicamente, é o primeiro julgamento judicial no Brasil relacionado a golpes, ressaltando a seriedade das mensagens dos militares sobre monitorar e sequestrar o ministro Moraes.
"O Brasil estava à beira de atos violentos inéditos que poderiam ter resultado no assassinato de um ministro do STF, do presidente ou vice-presidente", completou Dino.
Com a mudança de Luiz Fux para outra turma, apenas quatro ministros participaram deste julgamento.