Sexta, 31 de Outubro de 2025

Operação Contenção é a mais letal da década no Rio

Intervenção envolveu 2,5 mil policiais em áreas críticas.

30/10/2025 às 22:11
Por: Redação

As pessoas que morreram durante a Operação Contenção deverão ser identificadas até o final de semana, conforme declarou o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos. Santos afirmou que foi constituída uma força-tarefa no Instituto Médico Legal (IML). Os nomes dos 100 já identificados ainda não foram divulgados.

“Uma força-tarefa foi montada no IML para realizar a identificação. Existem diferentes processos de identificação: reconhecimento por parentes, identificação por dactiloscopia e os mais complexos como o DNA. Não é fácil nem rápido, mas acreditamos que, até o final de semana, conseguiremos identificar todos”, explicou Santos.

Em uma coletiva de imprensa após reunião com parlamentares no Centro Integrado de Comando e Controle da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro, Santos discutiu o progresso da operação. Estiveram presentes dez deputados federais, nove estaduais e quatro vereadores.

O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, mencionou que muitas vítimas são de outros estados, o que torna a identificação mais demorada, devido à necessidade de consultar as polícias técnicas desses estados para garantir uma identificação precisa.

Ao ser questionado sobre a divulgação de nomes, Curi afirmou que uma lista será divulgada no momento oportuno.

A Operação Contenção, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, envolveu 2,5 mil policiais, sendo a maior dos últimos 15 anos no estado e também a mais letal. O estado reconhece 121 mortos, entre eles quatro policiais, mas admitiu que esse número pode aumentar, enquanto organizações civis indicam mais de 130 mortos.

O foco da operação foi conter o avanço do Comando Vermelho e cumprir 180 mandados de busca e apreensão, além de 100 mandados de prisão, 30 destes expedidos pelo estado do Pará, parceiro na ação.

Edgar Alves de Andrade, o Doca, considerado o principal chefe do Comando Vermelho, não foi capturado. Apesar disso, a operação prendeu 113 pessoas e apreendeu HDs relevantes para investigações sobre lavagem de dinheiro.

De acordo com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) e o Instituto Fogo Cruzado, o Comando Vermelho expandiu seu controle territorial entre 2022 e 2023 no Grande Rio, superando as milícias e respondendo por 51,9% das áreas controladas.

Embora toneladas de drogas tenham sido apreendidas, Curi informou que o tráfico não é a principal fonte de financiamento, representando apenas 10 a 15% do faturamento das facções, que exploram economicamente o território controlado.

Sobre possível vazamento de informações da operação, Santos minimizou a gravidade, dizendo que não houve vazamento significativo e que os objetivos foram alcançados.

Questionados sobre denúncias de tortura e execuções, os secretários negaram, informando que essas alegações serão investigadas pelo IML. Foi instaurado inquérito para apurar suspeitas de fraude processual por suposta remoção de objetos dos corpos. Segundo Curi, lesões nos corpos podem não ter sido causadas por policiais.

Nesta quarta-feira, 60 corpos foram encontrados e retirados de uma área do Complexo da Penha por moradores, após a operação realizada na terça-feira. Os corpos foram reunidos na Praça São Lucas.

As famílias denunciaram que os corpos apresentavam sinais de tortura, afirmando que tinham evidências de que as vítimas se renderam.

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